Dia desses recebi uma mensagem de minha amiga e vizinha, dizendo que seu filho estava internado… na mesma hora, lembrei-me dos dias em que Malu foi internada na Unidade de Terapita Intensiva (UTI) Neonatal. Um desafio e tanto.

Que dias e noites intermináveis…

Maria Luiza precisou ser internada com cinco dias de vida.

 

O susto

Na nossa visita pós-parto, a parteira (sim, parteira porque tentamos um parto domiciliar) disse que Malu estava muito amarelinha.

Novamente, explicou o que nossa obstetra e nossa pediatra já haviam explicado no hospital… por ser oriental, tinha mais probabilidade de ter icterícia (excesso de bilirrubina).

Tínhamos ciência disso, tanto que Malu tomava seu banho de sol todos os dias, mas somente isso não foi suficiente…

Por orientação da pediatra, fomos até o hospital, onde fizeram o exame de sangue e constataram 24 mg/dL, quando o normal para bebês entre 3 e 5 dias após o nascimento é entre 1,5 e 12 mg/dL.

 

O desespero

Agora, pensa no desespero dessa mãe?

Na loucura do puerpério, recebendo a notícia que minha filha precisava ser internada, porque os valores encontrados no exame de sangue eram muito elevados e poderiam deixar sequelas graves.

Desde que ela nasceu, essa foi a única vez em que nos separamos.

Ela ficou cerca de 1h30 longe de nós para ser colocada dentro da incubadora e receber o tratamento de fototerapia.

Depois desse tempo, meu esposo e eu entramos na UTI e vimos nossa pequena só de fraldinha dentro da incubadora, já recebendo a fototerapia.

A enfermeira nos explicou como faríamos a nossa assepsia para entrar na UTI e explicou como seria o tratamento: três aparelhos de fototerapia, por causa do nível alto de bilirrubina. Ela também nos informou que tínhamos livre acesso à UTI, 24 por dia. E, claro, nos consolou, porque eu só chorava diante daquela cena.

Depois de muita relutância, decidimos voltar pra casa para descansar.

 

Os mais longos dias

Ahhhhhh como foi difícil voltar sem nossa pequena.

Chorei o caminho todo agarrada num cobertor com o cheirinho dela, assim como fechei os olhos e descansei, sentindo seu cheirinho.

No dia seguinte, lá estávamos nós no hospital novamente.

Entrar naquela UTI era muito difícil, mas era necessário, eu a amamentava pra ajudar a diminuir os níveis de bilirrubina, além do nosso contato, é claro.

Duas vezes ao dia, ia até o banco de leite, tirava leite e deixava para a minha pequena.

À noite voltávamos pra casa para tentar descansar um pouquinho e assim foram os cinco dias mais longos da minha vida.

 

A solidariedade

Entrar naquela UTI, conhecer tantas histórias (de pais e mães que, há meses estavam lá, e nunca haviam levado seus filhos pra casa)… ter o acompanhamento de profissionais tão humanos e carinhosos…

Tudo isso, nos fez enfrentar aquela situação com leveza, com compaixão e com respeito por cada bebê que estava ali…

Acredito que Deus nos permite passar por algumas situações para nos tornar mais fortes.

Ao longo desses 14 meses de maternidade, hoje, mais do que nunca, tenho certeza de que sou a melhor mãe que a Malu pode ter…

 

 

 

 

 

Elaine Maeda é artesã e mãe da Maria Luiza, a Malu.


Crédito das fotos: Arquivo pessoal