Não subi na Torre Eiffel. Não entrei no Louvre. Não fiz mais um monte de coisa que qualquer turista faria em Paris. Mas sobre roteiros e prioridades, cada um sabe as escolhas que faz.

Fui para casa dos meus compadres que moram na França há quase três anos. Ficamos 11 dias. Grande parte dos passeios foi com eles, que também têm uma criança. Vitória, minha afilhada de 5 anos, que aguenta MUITOS trajetos a pé. E minha filha, de 1 ano e 7 meses que, apesar do carrinho, cansa e entedia mais rapidamente.

 

 

Não existe segredo pra viajar com filhos. Existem a vontade, a oportunidade e a coragem de ir. E fomos: Mariana e eu. Minha primeira viagem internacional!

 

Não me sinto experiente pra dar conselhos sobre como viajar com crianças… Na loucura, diria “pega e vai!”. “Se der medo, vai com ele mesmo!”

Mas se posso dar dois palpites são:

1- tenha estratégias

2- desencane!

Atenção: eu não disse “planos”! Eles correm o sério risco de falharem ou de não saírem como o desejado.

 

Voo

No avião
No avião…

Vamos combinar que as viagens de avião não são nada confortáveis (Oi, classe econômica!), que os espaços são pequenos e que do Rio de Janeiro a Paris são quase doze horas!

O pediatra receitou um remédio que poderia apagar a Mariana por oito horas. Mas que nada! Ela tirou uma soneca de duas horas, o que faz naturalmente toda tarde, e quando chegou à noite (22h) dormiu.

Antes disso, foram quatro horas acordada! Por isso, a dica número um: A importância de ter estratégia! O plano de dormir já tinha falhado. Viu só?

Levei tablet com os desenhos preferidos, bala, suco, biscoito. Andei pelo avião. Falamos com pessoas. Vale de tudo pra entreter uma criança que dizia “embora casa!” Não teve muito choro. Só um pouco. Mas nada que me desesperasse. Enfim a noite chegou e Mariana se rendeu ao sono!

 

Roteiro

 

Antes de embarcar já tinha lido sobre vários passeios e viajado pela internet. Conhecia Paris por fotos e mapas. Mas não fomos com roteiro definido.

Chegando lá, senti o ritmo da Mariana e defini: acordar, sair de casa, um passeio pra mim, um pra ela, soneca dela, um passeio pra mim e casa.

Funcionou muito bem. Sempre incluí um parque no “passeio pra ela”. Paris tem inúmeros parques e jardins de graça. Fomos nos principais, esticamos nossa canga, tiramos as panelinhas da sacola e ali brincamos.

Não vi nenhuma criança fazer o mesmo. Todas brincavam de maneiras diferentes. Mas aquele era o jeito que a Mariana mais gostava. Assim ela se entretia, saía do carrinho, corria e se cansava um pouco.

 

Alimentação

É aqui que defini que o meu segundo conselho pra viajar com crianças. Já tinha ouvido falar sobre a dificuldade de comer bem (e com preço acessível!) fora do Brasil.

 

Quando chegamos na casa dos meus amigos, cozinhei e congelei algumas comidinhas pra Mariana. E pensei: “ela vai fazer, pelo menos, uma refeição decente!”

Como eu não coloquei relógio pra despertar em nenhum dia, saíamos depois dela tomar o café da manhã. Dependendo da hora, dava o almoço em casa e depois rua!

Mas na maioria dos dias, a “comida da tarde” era nas paradas que fazíamos nos parques. Levei de tudo um pouco do que ela gosta de comer: uma banana, melancia picada, suco de uva, pãozinho, biscoito, pipoca…

À noite, eu dava janta e a minha consciência materna ficava tranquila. Por isso, desencane!

 

Lugares bacanas

Nosso primeiro ponto de parada foi o Trocadero. Uma praça linda e com escadarias que te levam até o outro lado da avenida onde tem a Torre Eiffel e o Champs de Mars. Um das maiores áreas verdes de Paris. Foi ali que fizemos nosso primeiro lanche e Mariana dormiu.

Outros lugares com campos, árvores e bancos são Jardim de Luxembourg, Jardim de Tuileries, Parc Monceau, Palais Royal… todos de graça! Os parisienses gostam de aproveitar as horas vagas ou de almoço descansando nesses parques. Entramos no mesmo clima!

 

Companheiros de viagem

Não posso deixar de lembrar que dentro do pacote “tenha estratégias” alguns itens são fundamentai! E claro, nesse caso, os objetos dependem da idade das crianças…

Além de Mariana e eu, nosso companheiros de viagem foram um carrinho de passeio, uma canga e uma mochila. Nela carregava TUDO o que podia! Parecia até cartola mágica de tanta coisa que coloquei ali. A canga foi esticada nos pontos mais lindos de Paris e esse carrinho… ah como rodou e nos ajudou!

O peso carregado todos os dias foi grande. Quase 12 kg da Mariana, que obviamente pediu colo algumas vezes. Mais quase 6 do carrinho, mais tudo o que estava dentro da bolsa. Foi extremamente cansativo e gratificante.

 

Como costumo resumir, foram dias de Crossfit! Mas a gente consegue perceber a cada conquista que não depende e nem precisa de ninguém para fazer as coisas.

 

Meu momento

Depois da brincar e comer, batia o tradicional soninho da tarde na Mariana. E era no balanço do carrinho que ela adormecia e eu acelerava o passo.

Aproveitei esses momentos pra andar, andar e andar por Paris. Quem já foi ou vê o mapa, sabe que dá pra fazer muita coisa a pé. Parei, tirei foto, comi, sentei, apreciei… e como agradeci àquela oportunidade e à minha coragem!

 

Inesquecível

 

O que fica dessas viagens que fazemos a dois, sozinhos ou em grupos é a superação. A experiência. Dos medos, das dúvidas, das incertezas, do idioma, da rotina!

Pra TUDO tem um jeito. TUDO pode ser adaptado. TUDO se ajeita!

A cumplicidade que se fortalece. As lembranças que ficaram. Tudo está gravado na memória e registrado em imagens.

Eu espero pra sempre me lembrar desses momentos. E a Mariana, por ser pequena, terá a ajuda das fotografias.

 

 

Hoje ela ainda conta tudo o que viveu nesses últimos dias. Sei que da alma e do coração, esse nosso momento estará pra sempre vivo!

 

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* Fernanda Monteiro é jornalista, mãe solo da Mariana e madrinha deste blog

Veja aqui mais textos de Fernanda Monteiro.