A paternidade chegou de forma inesperada.
Quando Cecília nasceu, em 24 de janeiro de 2005, eu tinha 21 anos, estava na reta final dos meus estudos e não tinha ideia do que era ser pai.
Para ajudar, nunca tive muito jeito com bebês e crianças…
Passei a gestação tentando me preparar para o nascimento dela. A verdade é que a ficha só caiu quando vi o rostinho da minha filha pela primeira vez.
Foi completamente diferente de tudo o que eu tinha vivido até ali.
Daquele momento em diante, eu tinha alguém que precisaria de mim, que – talvez – se espelharia em mim…
Chegava a ser assustador, mas eu sabia, que dali para frente, nada mais seria igual.
A separação
Desde o seu nascimento, acompanhei seus passos e contei com ajuda de toda a minha família na sua criação.
Depois, aos três anos dela, a mãe dela e eu nos separamos, mas continuamos morando próximos.
Já se passaram 13 anos desde que peguei a Cecília nos braços pela primeira vez. Há pouco tempo, se mudou de cidade. Hoje, estamos distantes cerca de 180 km.
Quase todos os finais de semana, ela está comigo, trocamos muitas mensagens, tento acompanhá-la em tudo, mas a saudade ainda fala mais alto.
Cecília é deficiente auditiva (não que isso a impeça de alguma coisa), mas não estar todo dia com ela, me preocupa demais.
As definições
Descobri que ser pai é muito mais do que “gerar uma vida”.
É poder fazer a diferença na vida da minha filha.
É ser amigo, cuidador, educador. É dar amor, é ser exemplo, é proteger, respeitar. É ser alguém em quem ela possa confiar… e se orgulhar.
Os desafios
Viver tão longe da minha pequena é o maior desafio que tenho vivido neste momento.
Acordar todo dia e ir dormir pensando em como ela está é uma dor que não cabe no peito.
Por outro lado, imaginá-la caminhando com suas próprias pernas, sozinha pelo mundo… é algo que me preocupa ainda mais. Não que isso não seja bom. Não que eu também não tenha passado por esse momento na vida. Mas, com certeza, é algo que me tira o sono…
Herói?
Não me considero um. Sei que ainda falta muito para isso.
Mesmo assim, fico feliz quando a Cecília me chama de “pai herói” (risos)…
Os aprendizados
A cada dia descubro que preciso me recriar. Que ensino sim, mas sou eu quem mais aprende nessa relação.
Que nada no mundo que me traz mais felicidade do que vê-la sorrir. Que um abraço é o melhor remédio para a saudade. E que a paternidade foi a melhor experiência da minha vida.
E que não precisamos estar embaixo do mesmo teto para ser pai e filha.
Ah, tenho carregado uma frase comigo… Acho que isso resume um pouco do que tenho buscado na vida depois do nascimento da minha menina: “Para ser um bom pai é preciso primeiro ser um bom ser humano”.
É isso.
Sigo caminhando, aprendendo e me recriando.
Para ela. Sempre.
* Willian Pereira de Miranda Melo é funcionário público e pai da Cecília. Sua foto recebeu mais curtidas e venceu a campanha #nossoheroinodiretodonossojardim no Instagram do blog.
Crédito da fotos: Arquivo Pessoal
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