Mãe de trigêmeos conta sua experiência com a maternidade
Leia a seguir o depoimento, os bastidores da gravidez trigemelar, além de informações sobre Inseminação Artificial e as dicas de Vivian Garcia Rocha Patella, que, de repente, se descobriu mãe de três lindos bebês…
Quando meu marido e eu decidimos engravidar, tentamos pelo método natural durante quatro anos. Nas últimas vezes, buscamos a indução hormonal via oral, porém, sem resultados animadores…
Em 2015, iniciamos o tratamento mais específico com doses hormonais mínimas (por ser a primeira tentativa) injetáveis. Logo no primeiro ciclo, tivemos sucesso com três óvulos bons para fazermos a Inseminação Artificial (Veja a entrevista com um especialista ao final do texto), o que aumentaria a chance de gravidez em 20% comparado aos métodos naturais. Após sete dias, o teste sanguíneo deu positivo.
A notícia da gravidez trigemelar
Sim! Eu estava grávida. Feliz demais, mas nem imaginava o que viria pela frente…
Logo no primeiro mês de gestação, fizemos o ultrassom, para saber se estava tudo bem e se o feto estava sendo gerado no lugar certo e de forma saudável.
Nesse primeiro exame, tivemos a notícia mais “extraordinária” de nossas vidas: estávamos esperando TRIGÊMEOS.
Surpresa para todos, inclusive para o obstetra, que nos alertou sobre os riscos de uma gravidez trigemelar. Naquele momento, o susto foi tão grande, mas a felicidade foi maior ainda! Os planos eram ter apenas um filho, mas a partir daquele momento desejamos os três com todo amor.
O que é uma gestação gemelar? |
É uma gravidez com mais de um bebê. A chamada gravidez de gêmeos. Ela pode ocorrer porque o embrião se partiu, gerando gêmeos idênticos. Ou porque mais de um óvulo foi fecundado, cada um por um espermatozoide distinto – nesse caso, cada bebê é diferente do outro. |
Estar grávida de trigêmeos foi o maior presente
Nosso mundo parou, foi como se o chão saísse dos nossos pés. Tantas preocupações imediatamente surgiram em nossa cabeça: era uma gravidez de três, precisaríamos de ajuda, e o meu trabalho? como faríamos com o carro? com a casa? enfim… teríamos que nos reprogramar em absolutamente tudo.
Na ocasião, o obstetra orientou que aguardássemos até os três meses de gestação para dar a notícia à família, já que havia um risco de um ou dois fetos não vingarem. Porém, com os sentimentos tão aflorados e as preocupações a mil, foi impossível não contrariarmos o médico. Contamos para toda família e para os amigos próximos, no mesmo dia. Era uma felicidade que precisava ser compartilhada, após tantos anos de tentativa.
Minha vida profissional durante e após a gravidez
Sou educadora física por formação, ministrava aulas de natação e hidroginástica em uma academia há 12 anos. Com a gestação trigemelar, foi preciso algumas mudanças de rotina nas aulas.
De acordo com as orientações médicas, eu deveria evitar me movimentar muito e não poderia entrar na piscina. Trabalhei com todos os cuidados até os cinco meses de gestação, quando me afastei devido à contrações uterinas precoces. Precisava fazer mais repouso! A partir dali, nunca mais voltei para minha profissão.
Decidimos que durante a primeira infância, o ideal seria eu estar sempre por perto, cuidando deles, da casa e de nossa rotina. Pessoalmente, acredito não valer a pena (emocional e financeiramente) me ausentar dessa fase e suprir isso com uma ou duas babás.
Em paralelo à vida de mãe, tenho feito curso técnico de Turismo on-line, para que no momento certo eu retome ao mercado de trabalho, seja na mesma profissão ou não.
O desenvolvimento dos meus bebês
As crianças se desenvolveram uniformemente, cada um em uma placenta e a gestação seguiu sem nenhuma intercorrência até as 37 semanas, quando marcamos a cesária. Isso, claro, graças às orações e às ótimas orientações e prescrições assertivas do obstetra!
Por orientação médica, fiquei internada 15 dias antes do parto, para repouso absoluto e um acompanhamento médico e de exames diário.
Curiosidades sobre a gravidez trigemelar (que eu nem imaginava!) |
* Ultrassom, Ecodoopler, Morfológicos, exames comuns durante a gestação, custavam três vezes o valor normal. |
* Após o quinto mês aproximadamente, a posição dos fetos não muda, por falta de espaço. |
* Não é indicado parto normal, mesmo que os três estejam na posição correta, porque, no nascimento do primeiro, o segundo pode virar e precisar de uma cesária de urgência. |
* Na sala do meu parto, havia 18 profissionais. Para cada bebê, tinha um médico neonatal e sua equipe. Era muita gente!! Rs |
* Amamentei no peito até o quinto mês. Fazia um rodízio: enquanto um estava no peito, dois estavam na mamadeira. Na próxima mamada invertia. |
* Até as crianças completarem um ano, eu preenchia diariamente um relatório, com dados básicos de cada um, como por exemplo, horário das mamadas, se foi mamadeira ou peito, se fez xixi, se evacuou, horário dos remédios, do banho. Enfim, itens que, se não anotasse, podia confundir, por causa do cansaço ou mesmo por fazer tantas vezes a mesma coisa… |
* Antes de ir à pediatra, eu estudava. Fazia um resumo de cada bebê para falar com ela. E, ainda assim, a consulta demorava cerca de duas horas. |
A rede de apoio no pós parto
Após o nascimento dos meus bebês, tive a ajuda imprescindível da minha mãe, que além de me ajudar a cuidar das crianças, cuidava de mim! Ela praticamente morou comigo até as crianças terem dois anos. Uma rotina intensa, rodeada de:
- Trocas de fraldas (quase 30 por dia).
- Amamentação (de três em três horas, dia e noite, somando 24 mamadas diárias).
- Cólicas (intermináveis), banhos e tudo mais o que um bebê precisa, multiplicado por três… rs
Eu me dediquei e me dedico integralmente a eles até hoje. Comemoro cada etapa e cada conquista e, desde então, já fazem quatro anos!!…
Ser mãe de três na quarentena
Assim como tem ocorrido com grande parte das mães, essa quarentena, tem exigido bastante de mim. A demanda com três filhos da mesma idade X casa X escola on-line X marido trabalhando em home office, tem sido bastante desafiadora.
Tenho aproveitado o momento, para interiorizar muito meus próprios princípios, minhas prioridades e meus valores. Tenho estudado bastante sobre desenvolvimento infantil e me aprimorado nessa missão apaixonante de ser mãe de três.
Com toda certeza, essa pandemia nos trouxe – além das incertezas –, muito mais entrosamento familiar. Aprendemos a valorizar os gestos mais simples, a olharmos mais para os filhos e a fazer mais coisas juntos.
As lições da maternidade
A maternidade tem me ensinado muitas coisas, mas a maior delas talvez esteja na importância de também cuidarmos de nós, fisicamente, mentalmente e emocionalmente. Só assim podemos cuidar de nossos filhos.
Tenho três dicas que têm me ajudado bastante nessa trajetória e que podem inspirar as mamães:
Dicas para inspirar as mamães |
1. Mantenham uma rotina com as crianças. Eles se sentem seguros sabendo o que vai acontecer e isso facilita muito a nossa vida. |
2. Confiem em seus instintos maternos. Quando nasce um bebê, nasce uma mãe, aflorando algo novo dentro de nós. Quando tiver dúvida ou incerteza sobre alguma coisa, ouça a voz que existe dentro de você. Você é a única pessoa de quem seu filho precisa naquele momento. |
3. Não se cobrem tanto. Peça ajuda, colo, chore… Muitas vezes queremos dar conta de tudo e passar a imagem de Mulher Maravilha. Quando isso não dá certo, vem a frustração e as cobranças. |
Amo ser mãe da Lorena, do Pedro e da Isabela. Eles são presentes de Deus em minha vida! Ou melhor, em nossas vidas!
* Vivian Garcia Rocha Patella é mãe da Isabela, da Lorena e do Pedro, educadora física e uma apaixonada pela maternidade e seus desafios.
Inseminação Artificial: esclarecendo dúvidas
A Inseminação Artificial é uma prática cada vez mais comum entre os casais, especialmente entre aqueles que decidem engravidar após os 37 anos da mulher ou têm algum diagnóstico crônico ou de infertilidade.
A seguir o médico especialista em ginecologia e obstetrícia, Dr. Alex Sander José Miguel, que acompanhou a gravidez da Vivian (mamãe que relatou a sua experiência com a gravidez trigemelar), esclarece algumas dúvidas sobre o procedimento. Dr. Alex também é pós-graduado em patologia do trato genital inferior e em reprodução humana assistida.
O que é inseminação artificial?
Dr. Alex: Inseminação artificial é uma técnica de baixa complexidade, em que é realizada a indução da ovulação, com medicamentos chamados de gonadotrofinas, fazendo o controle por meio do ultrassom transvaginal. Quando os folículos atingem um diâmetro ≥ 18 mm, é usada uma medicação para a maturação dos óvulos e, 36 horas após o procedimento, é feita a coleta do sêmen e o preparo semanal. A inseminação é feita por meio de um cateter delicado intrauterino.
Quando é recomendada?
Dr. Alex: Quando é diagnosticado um quadro de infertilidade, na maioria das vezes, quadros como síndrome dos ovários policísticos (anovulação crônica), endometriose grau I e II, fator masculino leve, fator cervical ou infertilidade sem causa aparente.
É comum nascerem gêmeos de uma gravidez por inseminação artificial?
Dr. Alex: A técnica de inseminação artificial, aumenta o risco de gravidez múltipla, porque ocorre uma superovulação (geralmente 2 a 4 folículos ovulatórios), junto com o preparo seminal e a inseminação intrauterina. Quando ocorre um estímulo ovarino mais intenso (> 5 folículos), é indicado o cancelamento do ciclo para reduzir o risco de gravidez múltipla.
Em geral, quando os casais devem buscar orientação com um especialista em reprodução humana?
Dr. Alex: Quando estão tentando engravidar, mantendo a relação no período fértil, durante o período de um ano e não alcançam a gravidez. Após os 35 anos de idade, este período de espera pela gravidez deve ser de 6 meses. É importante lembrar que após os 37 anos de idade, a mulher começa a reduzir a sua reserva ovariana (quantidade e qualidade dos óvulos).
Quais os métodos disponíveis atualmente e quais as indicações?
Dr. Alex: Os tratamentos de reprodução assistida consistem de técnica da baixa complexidade (inseminação intrauterina) e alta complexidade (fertilização in vitro – FIV e injeção intracitoplasmática dos espermatozoides – ICSI).
As indicações para as técnicas de alta complexidade (FIV-ICSI) consistem: obstrução tubaria bilateral, endometriose grau III e IV, fator masculino grave, baixa reserva ovariana, infertilidade de longa data (infertilidade sem causa aparente) com idade materna avançada, anovulação crônica.
É importante lembrar que a mulher mudou o seu perfil reprodutivo ao longo dos anos. Atualmente, ela demora mais tempo para iniciar a maternidade, devido à vida profissional e a outros objetivos. Como o declínio da reserva ovariana inicia-se após os 37 anos de idade, uma opção ideal para a preservação da fertilidade seria o congelamento dos óvulos antes dos 35 anos de idade.
Para mais informações sobre os procedimentos, consulte BM Clínica Médica.
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