Bastam alguns dias de febre, algumas idas ao pediatra, ao pronto-socorro, para que culpa e maternidade se tornem uma coisa só.
É uma maratona. Um desequilíbrio. Uma indecisão. Um medo de fazer o certo. Um medo de fazer o errado. E a culpa.
A culpa por esperar demais por um diagnóstico. A culpa por fazer um raio-x desnecessário. A culpa por uma friagem.
A culpa por pegar muito no pé. Por não fazer direito. Por fazer muito direito. Por rezar demais. Por rezar de menos.
A culpa por chorar. Por se cansar. Por não dedicar a atenção necessária. Por não fazer mais pela sua Primeira Infância. A culpa.
A culpa pelo trabalho adiado. Pelo compromisso não cumprido. Por não priorizar mais. Por priorizar menos.
A culpa por não ser mais leve.
A maternidade. A maternagem. Ser mãe. A culpa.
Graças a Deus, às orações e ao tempo, os dias ruins passam. Os confusos também. Aos poucos, vem voltando a normalidade.
O seu sorriso. As suas histórias. A sua respiração leve. A temperatura normal. Até as suas peraltices vão voltando. E também os meus gritos, minhas chamadas de atenção, minhas ordens, meu jeito de te ensinar o certo e o errado.
E, de novo, a minha culpa. Sempre.
Eita maternidade difícil.
* Deize Renó é jornalista e mãe da Maria Luiza.
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