Relatos de mães

Dia dos Pais: Sobre o pai do meu filho…

Francisco tinha pressa. Resolveu nascer de 35 semanas. Eu entrei em trabalho de parto às 23h30. Cheguei ao hospital meia hora depois, já com oito dedos de dilatação e foi assim que, à 1h14 do dia 25 de março, meu filho nasceu. Foi tão de repente que não tinha ninguém das famílias aqui em Mogi. Éramos apenas nós três: Flávio, eu e Francisco.

Cheguei ao quarto por volta das 6 horas da manhã e meu marido estava lá me esperando. Mostrou no celular a foto que tinha feito do nosso bebê: “ele é lindo”, me contou!

Logo em seguida, Francisco já estava conosco. Foi aí que eu descobri o quão desafiadora seria a maternidade. Também foi nesse momento em que realmente percebi como seria o pai do meu filho.

A amamentação

Os bicos dos meus seios eram planos e o Francisco (tão pequeno e prematuro) não conseguia pegar. A fome era inversamente proporcional ao tamanho, mas ele não mamava e, claro, chorava. Vieram as enfermeiras, com enorme paciência, me dizendo: “calma, mãezinha, tudo vai ficar bem!”. Elas me ensinaram como fazer uma pinça para ajudar o Francisco a formar o bico e mamar.

Eu (mãe de primeira viagem, cheia de amor e também de insegurança) não conseguia segurar o bebê com uma mão e fazer a pinça com a outra. Mas Francisco e eu não estávamos sozinhos.

O papai estava lá o tempo todo e, quase que em um gesto instintivo, participou diretamente da amamentação.

Não era responsabilidade dele.

Essa tarefa, fisiologicamente, é da mãe. Mas eu não precisei nem pedir. Enquanto amamentava, o Flávio segurava o seio em formato de pinça. A posição era difícil, desajeitada, dolorida, mas ele nunca desistiu.

Fazia questão de ajudar o Francisco a mamar, se nutrir com o leitinho materno e com todo aquele amor em trio.

Lembrando assim, parece que foi tudo lindo.

Não foi. Nem lindo, nem fácil.

A engrenagem

Toda mãe sabe o quão intermináveis são as mamadas de um recém-nascido. Elas podem durar 40, 50, 60 minutos. E pouco tempo depois, começa tudo outra vez! Mas o papai estava lá com a gente. O braço dele já doía muito. Ele estava visivelmente cansado, mas a cada mamada estávamos os três juntos, em uma engrenagem perfeita.

O primeiro e o segundo dias foram difíceis. Eu tinha de aprender a amamentar, Francisco tinha de aprender a mamar e o Flávio tinha de se doar muito nesse processo. E ele fez isso até a madrugada do segundo dia quando, finalmente, Francisco e eu nos acertamos e ele mamou sem a ajuda do papai.

Esse foi um dos momentos mais marcantes dessa minha relação de amor infinito com o Francisco.

Eu estava conseguindo amamentar meu filho, dar a ele o alimento e o acolhimento de que precisava. Percebi que, se estivesse sozinha, também teria conseguido, mas teria sido imensamente mais sofrido.

A doação

Depois desses primeiros momentos do Francisco, vieram outros. Todos com papai por perto.

Foi assim que confirmei o que já sabia desde a gestação: meu filho tem um pai generoso, capaz de se doar ao máximo e amar sem limites.

Quando começamos a namorar, eu costumava olhar para o Flávio e dizer: ainda bem que a gente se achou. Depois do Francisco, isso faz cada vez mais sentido. Ainda bem que nos achamos!

Notinha de rodapé: Era para ser a história do Flávio como pai. Modesto como só, não quis escrever. Eu mesma assumi essa tarefa. E poderia ter falado sobre milhões de coisas, mas decidi falar desse momento, de nossos primeiros momentos. Foi algo muito íntimo, mas foi tão cheio de ternura e força, que achei merecedor de ser compartilhado.

 

 

* Julia Guimarães é jornalista, mãe do Francisco e esposa do paizão Flavio Ostroswky, segundo ganhador da campanha #nossoheroinodiretodonossojardim lançada no perfil do blog no Instagram.


Crédito das fotos: Arquivo pessoal

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