Natalia Castanha*

Celebrar o Dia das Mães é importante, mas vejo que em nossa sociedade a figura da mãe se tornou algo romantizado demais.

A consequência disso é, por vezes, um peso exagerado nas costas da mãe, que precisa atender todas as expectativas, ou filhos angustiados que não vêm a figura materna em suas próprias mães…

Entendo que existem mães e mães. Dessa forma, é muito complicado quando consideramos mãe como uma coisa só.

Há mães que são muito maternas, acolhedoras, compreensivas e que, realmente, desenvolvem a maternagem em sua plenitude.

Mas também existem as devoradoras, que não deixam os filhos se desenvolverem.

Há ainda as controladoras.

Existem mães narcisistas, que vivem para si mesmas e rejeitam seus filhos. São mães de “colo curto”. Elas tiveram filhos, mas não conseguiram se doar como mães.

No consultório, atendo muitos filhos que, hoje, são adultos, que sofreram e sofrem com mães que não exerceram a maternagem. Muitos dizem que se sentem a obrigação de filho em dar presente ou homenagear sua mãe nessa data, mas reconhecem que não tiveram essa presença em suas vidas.

Portanto, existem vários tipos de mães e é preciso reconhecer isso.

Nem toda mãe nasceu para ser mãe. Nem toda mulher quer ser mãe.

O bacana, hoje, é poder se questionar: Será que eu quero ser mãe?

Antigamente, a mulher só tinha valor se tivesse gerado um filho. Mesmo hoje, em muitas situações, a mulher que decidiu ser mãe é enaltecida. Mas nem toda mulher quer ou tem o dom de ser mãe.

Reconhecer isso é muito importante para a vida dessas mulheres.

Por outro lado, a mãe, na verdade, é quem faz a maternagem.

Existem muitos pais que exercem a função de mãe. Muitas avós que têm esse papel.

Para mim, neste dia faz mais sentido comemorarmos a maternagem, independentemente se esse sentimento vem de mães, de pais ou de quem quer que seja.

A maternagem é essencial no desenvolvimento das crianças, junto da paternagem.

Em muitos casos, ou na maioria deles, a maternagem vem das mulheres, mas nem sempre.

Precisamos admitir.

E reconhecer também que não é fácil ocupar o lugar da mãe. E quantas mães assumem esse papel integralmente e se dedicam à maternidade! São muitas mulheres! E é preciso sim reconhecê-las e homenageá-las.

O que lanço aqui é uma provocação. Algo para refletirmos.

E que a maternidade, se vier, quando vier, que venha leve, consciente, responsável. Se não vier, se não quiser, que não se sinta culpa por isso.

Hoje, podemos escolher que rumo queremos dar a nossas vidas.

Não adianta ter filhos, apenas para cumprir a obrigação de ser mãe.

E quantas mães ou pais ou tias, são mães sem terem gerado filhos! É preciso valorizar essas pessoas também!

Por isso, que hoje seja o Dia da Maternagem. Em todas as suas formas. E que as homenagens a essas pessoas se estendam a todos os dias do ano.

Um Feliz Dia para você também! Sempre!

 

Natália Castanha, psicóloga
Arquivo pessoal.

* Natália Castanha é psicóloga, psicoterapeuta na abordagem Psicologia Analítica Junguiana, consultora em Recursos Humanos, palestrante e docente. Também é madrinha deste blog.


Crédito da foto do cabeçalho: Pixabay.