Nina Regato*
Quando a gente fica sabendo que alguém teve um bebê, logo quer ir visitar e conhecer o novo membro da família. Bebezinhos são sempre gostosos e dá uma curiosidade infinita de visitar.
Depois que tive minha primeira filha, passei a pensar e a reavaliar a minha própria conduta. No hospital estamos doloridas, ainda conhecendo o nosso bebê, aprendendo a dar de ‘mamá’ e não queremos receber ninguém. Pelo menos comigo foi assim e, em casa, a situação não foi diferente.
A nova rotina é exaustiva e a cada minuto que o bebê dá uma folga a gente só quer descansar, mesmo que seja só para colocar as pernas para cima e assistir televisão em silêncio.
No primeiro mês, quem eu pude dispensar, dispensei. Mas nem todo mundo entende e, às vezes, você não tem liberdade para dizer claramente que não quer receber visita. Eu ficava constrangida e acabei recebendo muitas a contragosto.
Na verdade, acho que as visitas deveriam ser proibidas nos três primeiros meses de vida do bebê. Isso não significa que a gente não goste de quem vai nos visitar.
Não é isso.
Mas é tudo tão novo (e cansativo) que o período de adaptação acaba sendo grande e a gente não quer ver ninguém mesmo!
Quando digo adaptação, incluo também nós mesmas. Depois que parimos, levamos bastante tempo para nos redescobrirmos novamente. Eu (com sete meses e meio) ainda estou buscando me encontrar, seja na rotina nova, seja em meio à solidão que bate.
Quando minha filha completou três meses, as coisas começaram a entrar nos eixos. Desde então, quando ela dorme eu aproveito para ajeitar a casa, tomar banho, comer, passar, lavar. Coisas que todo mundo faz em casa e que quando você está com o bebê no colo é impossível.
No entanto, quando as visitas aparecem, elas esquecem de que precisam ir embora. Todo mundo sabe a famosa regrinha que visita a bebê deve ser rápida, mas até hoje não vi ninguém fazer isso. O papo estende, a visita quer esperar o neném acordar e por aí vai.
Nessa, você já está perdida em meio a tantos pensamentos de mãe (rs): a roupa que iria passar, as peças que precisava colocar na máquina, o cabelo que vai “dormir” sujo de novo e você ali, sentada no sofá, conversando.
Claro que bater um papo faz muito bem para a gente se distrair um pouco, mas depois que o bebê nasce, nem os assuntos relaxam mais, porque eles giram em torno somente de uma pessoinha que vocês sabem bem quem é!
Bom, conversa vai, conversa vem e o bebê finalmente acorda.
Obviamente que a visita, que esperou até o momento mais importante (para ela), vai querer pegar o seu filho. Assim mesmo, do jeito que está: com “roupa da rua”, suada e sem ao menos lavar as mãos. As pessoas não entendem que o bebê ainda não tem imunidade. Acham que é chatice de mãe.
Com duas semanas de vida da minha filha, uma dessas visitas que se esqueceu de ir embora decidiu ‘tirar um pelinho da coberta’, para que não entrasse no olho da bebê. Isso nos rendeu uma secreção nos olhinhos da Mel por 15 dias. As pessoas realmente não têm a mínima noção de nada!
Há sete meses, percebi que existe uma fábrica de gente sem bom senso (rs). Passei então a pedir para lavarem a mão ou então para passarem álcool em gel. A maioria se ofende e nem pensa que os bebês não são vacinados contra as doenças básicas logo de cara. Isso acontece no decorrer do primeiro ano de vida e, até lá, estão muito suscetíveis a tudo.
Têm também aquelas visitas que chegam com outras crianças “viradas no jiraya” que resolvem correr e gritar pela casa. E as que trazem filhos doentes?
Na primeira semana em casa, recebi uma que trouxe o filho com virose (eu não sabia, obviamente!). Tudo bem que as crianças geralmente ficam doentinhas com facilidade por causa da escola, da creche e do convívio com os amiguinhos. Mas, justamente por isso, elas não devem ir com os pais visitar recém-nascidos!
Agora que a Mel está prestes a rasgar os dentinhos, não tira a mão da boca por nada. Tomo o maior cuidado para ela estar com as mãos limpinhas sempre. Mas parece praga. Todo mundo acha o máximo dar o dedo para o bebê apertar e, o pior, adora beijar a mãozinha deles. Eu fico roxa de raiva! Ninguém pensa que é pura falta de higiene com a criança?
Sempre fui chata com esse tipo de coisa e agora assumo mais ainda. Minha filha é meu bem mais precioso e eu preciso zelar pela saúde dela. Quem se ofender, melhor que não volte tão cedo.
Nina Regato é jornalista e mãe da Mel, que completa um aninho agora em 2018.
Crédito da foto do cabeçalho: Pixabay
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Achei ótima reportagem muito educativa.
Parabéns.