Fabíola Marmo e Julia Leme*

A vida moderna ampliou os desafios da maternidade. A mulher de hoje concilia ainda mais papéis e variáveis que envolvem sua condição de esposa, mãe e profissional, sem se esquecer de sua essência. Compreender o “ser mãe” tornou-se um desafio. Por outro lado, discutir questionamentos e inseguranças, sem julgamentos, tornou-se uma necessidade. Afinal, nem sempre é fácil falar da sua realidade abertamente, sem ser rotulada, julgada ou vítima de preconceitos.

Para o teórico da psicanálise, D. W. Winnicott, “as mães precisam ser suficientemente boas”. E isso não significa ser “uma mulher maravilha”. Pelo contrário, o “não-saber” faz parte da maternagem. O erro advém de não ter dado certo algo que se tentou acertar.

Da esq. p dir.: Julia Leme e Fabíola Marmo. Crédito: Hélio Norio/Divulgação

É por isso que o suporte emocional e psicológico durante a maternidade é tão importante. É preciso, antes de tudo, reconhecer-se em suas limitações e aprender a lidar com seus erros e acertos. Tornar a maternagem um processo leve, possível e real é o grande segredo. Esse autoconhecimento e essa aceitação repercutem positivamente não só na vida da mãe, mas também na vida dos filhos e de toda família.

O autocuidado é mais um aspecto essencial. Muitas vezes, a mulher acaba se dedicando tanto aos filhos e à família, que se esquece de si. É preciso manter o equilíbrio, cuidando tanto da saúde física e quanto da saúde mental. Só assim, os novos desafios serão enfrentados com mais tranquilidade.

Outro ponto interessante é buscar uma rede de afetos. Poder falar de si de forma aberta, dos seus problemas e das suas conquistas, aproxima as pessoas e também deixa a maternidade mais leve.

Recentemente, promovemos o bate-bapo entre mulheres sobre o “ser mãe” na Clínica da Família, em Mogi das Cruzes. A ideia foi fazer com que cada mulher pudesse apresentar sua história, num rico processo de troca de experiências, identificação, aproximação e afeto. Aos poucos, as semelhanças vieram à tona e os obstáculos tornaram-se possíveis de serem vencidos.

Por fim, nenhuma maternidade tem roteiro pronto. Cada mulher tem a sua história. As cobranças surgem de todos os lados, mas o importante é o modo como cada uma reage ao desafio, sem medo de aprender, sem se apoiar em rótulos ou julgamentos.

*Fabíola Marmo e Julia Leme são psicólogas da Clínica da Família (e-mail: psi.clinicadafamilia@gmail.com)

Artigo original publicado pelo jornal O Diário, em 3 de julho de 2019.

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