Deize Renó*

Dois anos integralmente com a minha filha foi um presente de Deus. A oportunidade da vida para me descobrir como mãe, me estressar e me alegrar em questão de segundos, e encontrar no sorriso dela meu mundo inteiro…

Foram meses em que senti profundamente o despontar da sua personalidade. Uma virginiana comunicativa, cheia de métodos, carinhosa e com um amor inabalável dentro do coraçãozinho…

Quando apagamos a “velinha” dos dois anos, foi hora de pensar no próximo passo… Havíamos decidido que nessa idade ela iria para escolinha. Além de voltar a me dedicar mais a minha vida profissional, sabíamos que seria importante a sociabilização dela, o contato com os amiguinhos e que a pequena distância da mãe também ajudaria no desenvolvimento de sua independência e autonomia.

Enfim, a teoria a gente sabia de cor.

 

O choro

Difícil foi ver as suas lágrimas no primeiro dia de aula e nos outros 30 dias que se passaram…

Dentro da escola até que ficava bem. O problema era todo “o antes”… desde a hora de almoçar, vestir o uniforme, se arrumar e pegar a mochila.

Entendo que era o medo do novo, da nova rotina, dos novos amigos, das novas pessoas que começavam a fazer parte da vida dela e da “assustadora” sensação de que mamãe e papai não estavam por lá.

Os primeiros finais de semana foram dolorosos também.

Ela demorou a entender que nem sempre depois do almoço era hora de ir para a escola. Havia sábado e domingo. Além disso, ficou ainda mais apegada a mim nos primeiros dias. Não me largava por nada. Com as tias, avós e os primos, não ficava tranquila. Uma pequena ausência da mãe era motivo para muito choro.

 

A alegria

O cenário foi mudando com o passar dos dias.

Hoje, pouco mais de um mês desde que as aulas começaram, as lágrimas já deram lugar a expectativa de mais um dia na escola, à vontade de aprender uma música nova, de brincar de um jeito diferente, de festejar o aniversário do amiguinho, de brincar no parquinho.

É verdade que existem dias – a maioria deles ainda – que a tromba da Maria é maior do que de um elefante… rsrsrs

Mas é só um jeito característico de dizer: “no meu tempo, ainda estou me adaptando”.

Sinto minha pequena crescer. Confesso que mais rápido do que eu gostaria.

 

O desbravar

 

Essa nova fase na vida dela – e na minha também – está fazendo muito bem para nós. Vejo tudo isso como um amadurecimento de nós duas. Sei que ela fica bem sem mim e que já está percebendo que o mundo é muito maior do que a nossa casa ou os ambientes onde a gente frequenta.

Nesse contexto, conta muito a confiança que estabelecemos com o colégio. A facilidade e a liberdade de ter acesso à direção e aos professores. De poder compartilhar nossas angústias e falar o que está bom e o que não está.

Graças a Deus, escolhemos a melhor escola nesse momento. Perto de casa. Pequena. Acessível. Que transmite confiança. E com uma metodologia que tem nos agradado muito.

Daqui para frente, nosso sentimento é de desbravar e de se redescobrir.

Percebo isso quando a Maria chega cantando um uma música nova; quando se lembra de um episódio engraçado com uma amiguinha da escola; quando segura o giz de cera de outro jeito; quando pula com os dois pés (kkkkkk… isso demorou, hein?)… ou quando a vejo mais curiosa, atenta, perguntando e argumentando mais.

Acho que era esse, mesmo, o momento de deixá-la voar um pouquinho… E é muito bom sentir que estamos no caminho certo.

 

Deize e Maria Luiza
Crédito: Arquivo pessoal.

* Deize Renó é jornalista, mãe da Maria Luiza e idealizadora deste blog.


Crédito da foto do cabeçalho: Pixabay. Demais fotos: Divulgação.