Maria Clara Teixeira Emídio*

Engravidei do meu primeiro filho com 36 anos e do segundo, com 41. Por opção. Por planejamento. Porque eu quis assim e… me orgulho muito disso. Faria tudo de novo. Exatamente igual.

A sociedade tem um hábito horroroso de cobrar das pessoas que se enquadrem no padrão. Para meu marido e eu, a cobrança era para nos casarmos (namoramos sete anos) e depois para termos filhos (foram 14 anos de casados antes do primeiro filho…).

Sempre fui muito “pé no chão”. Quis ter minha casa e minhas coisas, antes de pensar em ter filhos. Hoje, posso dizer que fizemos tudo no tempo certo e está sendo ótimo assim.

Faço 24 anos de casada no ano que vem. Tenho meus dois meninos aqui, saudáveis, lindos. E não é porque fui mãe “mais velha” que deixo de brincar e bagunçar com eles, pelo contrário… Meu pique é tão grande que até eu me surpreendo. Por outro lado, não falta maturidade e tranquilidade para lidar com algumas questões.

Gosto de dizer que ser mãe depois dos 30 é ser mãe e vó ao mesmo tempo. Mãe por educar e pegar no pé quando é preciso… E vó por brincar muito, por voltar a ser criança e aproveitar todos os momentos junto deles…

Mãe após os 40
A maturidade dos 40 e a disposição para voltar a ser criança junto dos pequenos. Crédito: Arquivo pessoal.

Estava escrito…

Nunca pensei em ter filhos muito cedo. Mas, sempre gostei de crianças e do assunto “gravidez”. Por isso, várias vezes, mesmo sem planos de engravidar, comprava revistas que falavam sobre isso e lia… Recordo-me da última vez que comprei uma revista: O tema central era “mães aos 40”…

Na minha infância, lembro-me de brincar com minhas amigas e tentar descobrir quantos filhos íamos ter apertando o pulso. No meu caso, sempre davam dois “carocinhos” e dizíamos que eu teria dois filhos quando fosse adulta. O tempo passou e eu nunca me preocupei com isso.

No mais, entre uma fase e outra da vida, alguns assuntos me chamavam a atenção. Por exemplo, a questão do fator Rh. Lembro-me de estudar bastante isso no colégio e, de alguma forma, ter isso comigo.

Como diz o site Babycenter: “Essa questão só é importante se a mãe for Rh negativo e o bebê, Rh positivo. Se o sangue do bebê entrar na sua corrente sanguínea, seu sistema imunológico pode reagir contra o antígeno D do sangue do bebê, como se ele fosse um ‘invasor’, e produzir anticorpos contra ele”.

Quando decidi engravidar, descobri que meu marido e eu teríamos que nos atentar a isso, porque éramos, justamente, eu Rh- e ele, Rh+. A atenção foi redobrada, porque meus dois filhos são Rh+… Apesar do susto inicial, tivemos todos os cuidados necessários e tudo correu bem.

As coincidências é que foram muito interessantes…

Os projetos de vida

Quando estava quase terminando a segunda fase da nossa casa, fiz minha matrícula na faculdade. Sim, faculdade! Só na sequência, pensaria em ter filhos.

Até busquei me antecipar e fazer alguns exames antes para saber se eu precisaria de tratamento para engravidar ou não, mas meu convênio não cobriu e acabei desistindo.

Quando faltavam uns três meses para terminar a graduação, aí sim, decidi que havia chegado a hora.

O ano terminou e, em janeiro, já tinha engravidado e nem sabia.

A saúde

João nasceu em 12 de outubro de 2006 super saudável. E o Felipe nasceu em 25 de fevereiro de 2011, com energia total!

Durante as gestações, li muito, me informei, cuidei da saúde, da minha alimentação e trabalhei até os últimos dias antes do parto. Como me cuidei bastante, não tive diabetes, nem colesterol, nem nada que pudesse atrapalhar… nem minha idade…. rsrsrsrsrs

Após os dois partos, saímos do hospital e fomos direto para a nossa casa. Não tive ninguém cuidando de mim… Sempre acreditei que eu precisaria aprender a ser mãe no meu dia a dia.

A maturidade

Insegurança todo mundo tem em algum momento. Porém, só nós, mães e pais, sabemos entender o que um filho quer.

Palpites… ah, as pessoas tem a mania de dar palpite em tudo… Não acho que isso funcione. Você só aprende a ser mãe e a ser pai sendo… vivendo cada momento.

A maturidade conta muito também. Nunca me apeguei aos preconceitos por causa da minha idade ou aos medos que tentavam me impor… Estava preparada para o que Deus quisesse.

O amor e a força

Eu amo meus meninos… Hoje, realmente, posso dizer que ser mãe é a melhor coisa do mundo.

Crianças são inocentes. Sem maldades. É como se elas nos tirassem um pouco desse mundo de injustiça, de sofrimento… Elas nascem sabendo amar e nos ensinando sobre o amor. Você sente isso no olhar de cada uma delas.

Mãe depois dos 40
João e Felipe na montagem da árvore de Natal… Crédito: Arquivo pessoal.

Como pessoa, a maternidade me deu força para enfrentar muita coisa. Dirigir é uma delas. Por meus filhos, minha carta de habilitação, que ficou inativa por mais de 20 anos, ressurgiu…

Eles me dão força para me desafiar, enfrentar meus medos e continuar batalhando para pagar a escola, a assistência médica e, ao mesmo tempo, para não deixar de brincar, de sorrir e de ser criança de novo.

Minha experiência

Para mim, a decisão de ser mãe deve ser, na maioria das vezes, da mulher. O homem participa, ajuda, deve mesmo colocar a mão na massa, mas é a mãe a mais exigida. Ela precisa ter paciência, dedicação e, muitas vezes, esquecer-se de si para cuidar do filho…

Por isso, não é porque a sociedade cobra, porque os pais querem ser avós ou o marido quer ser pai ou o namorado… é a mãe que tem de querer.

No meu caso, foi assim. Foi no tempo que eu escolhi. Foi quando me senti preparada e tranquila para dar amor, paciência, casa e a assistência que eu sempre quis que meus filhos tivessem.

Graças a Deus, foi tudo como Ele quis. De minha parte, eu planejei sim, cada detalhe.

Mãe após os 40
Crédito: Arquivo Pessoal.

Maria Clara Teixeira Emídio, 48 anos, escorpiana, supervisora de Administração de Pessoal, mãe do João Pedro, de 11, e do Felipe, de 6. Na foto, está a família inteira, incluindo o esposo Ronaldo Emídio.


Crédito da foto do cabeçalho: Pixabay

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