Matheus Rotta*
Fui pai aos 21. No dia 4 de agosto de 2008 fui abençoado com o Pietro. Quando ele nasceu, eu ainda não tinha noção de toda evolução que aconteceria em minha vida. E, hoje, posso dizer que, de fato, tudo mudou!
Nos últimos nove anos, descobri a diferença entre ter um filho e ser um pai.
Percebi o quanto sou parecido com meu pai, e como – sem saber – faço muito do que ele fez e ainda faz.
Percebi que é mais fácil falar do que fazer. E criticar do que transformar.
Percebi que o ser humano é frágil e maravilhoso. Sensível e forte. Medroso e corajoso.
Percebi também que o amor de uma criança não tem preferências: ama os humanos e os animais com a mesma intensidade.
Senti a dor de ver meu filho cair, para – só assim – aprender a caminhar.
Senti o coração doer quando vi seu primeiro olhar de frustração, quando a pura expectativa se deparou com um mundo falho e imperfeito.
Aprendi que acolher e ouvir valem muito mais do que impor e castigar. Que é fundamental pensar no que dizer antes de abrir a boca. E que não existe educação sem exemplo.
Aprendi a aceitar que, assim como meu pai não foi perfeito, também eu não sou perfeito.
Também aprendi a aceitar que não posso mudar ninguém.
Que as crianças tem mais a ensinar os adultos, do que o contrário.
Que autoridade não tem nada a ver com força e sim com respeito.
Que para criar um bom filho, preciso primeiro ser uma boa pessoa e, aos poucos, aprender a ser um bom pai.
Hoje, entendo que ser pai é bem mais do que dizer o que é certo e o que é errado. É mais do que ensinar a amarrar os cadarços. Mais do que falar que o mundo é assim ou assado.
Ser pai vai além de um “sim” ou um “não” decretado.
Ser pai é estar presente de corpo, coração e alma.
É aceitar e aprender, com amor, tudo o que surge desse relacionamento intenso e maravilhoso. E dessa condição de pai, mas também de tutor, amigo e protetor.
Matheus Rotta é psicólogo e pai do Pietro.
Crédito da foto em destaque: Pixabay