Relato emocionante de uma mãe solo sobre fé, força e amor.

Um relato emocionante de uma mãe solo sobre força, fé e amor.

 

Fernanda Monteiro*

Dizem que a maternidade vira a vida de ponta cabeça. No meu caso foi um pouco diferente. Foi um pedido de divórcio aos 12 dias de vida da Mariana que me fez desmoronar. Mas não vou me demorar nessa catástrofe.

O que senti foi como o terremoto no Japão, em Março de 2011, que atingiu 9 graus na escala Richter e veio acompanhado de um Tsunami. Foi de repente, inesperado, deu susto, trouxe medo, causou estrago, destruição… mas o governo japonês logo tratou de reerguer e reconstruir.

Comigo também foi assim! Com uma recém-nascida nos braços, não me dei a chance de ficar despedaçada. Se alguém dependia de mim, mesmo com os cacos remendados, era ela.

Mãe solo para mim é amor sem medida. É ser forte quando parece não existir mais força. É a ser a única responsável. É administrar sozinha os papeis de mãe e pai.

Convivi e lidei com um turbilhão de sentimentos e emoções. Oscilações! Puerpério.

Só uma mulher que já passou por esse momento sabe do que estou falando e consegue imaginar o que foi o começo da maternidade pra mim. Se você nunca ouviu falar nessa palavra estranha, pesquise e tente imaginar.

Mãe por inteiro

Confesso que, depois do pedido de separação, vivi alguns dias pela metade. 50% de mim eram tristeza pelo fim de um relacionamento de 12 anos. 50% eram alegria pelo maior presente da vida!

E essa benção de Deus não merecia uma mãe pela metade. Perdas, aquela recém-nascida já tinha tido o suficiente pra tão pouco tempo de vida.

Ela dependia de mim pra se alimentar. O meu maior medo era do meu leite secar. Não secou. Mariana mama exclusivamente no peito desde sempre!

Bebês sentem o que as mães passam. Não iria contaminar minha filha com sentimentos como a tristeza. E o risco da depressão pós-parto, muito comum nesse período, também me trazia medo.

Rede de apoio

Contei com ajuda de muita gente querida. Primeiramente de Deus. Em seguida da minha mãe, do meu pai, da minha irmã, de outros parentes e familiares, de amigos…

Mas quem mais me ajudou (e me ajuda) foi essa pessoinha que eu desejei e planejei, e que eu já via seu rostinho nos meus sonhos.

No dia 13/02/2017, às 19h06, naquele parto cesárea, nasceu junto com minha filha, uma Fernanda bem mais corajosa. Mãe!

Mariana, a cada dia, resgata em mim qualidades que estavam esquecidas, perdidas.

Ser mãe solo

Com ela, aprendi rapidinho o significado do amor incondicional. “Pra sempre” e “infinito”, a partir de agora (pra mim!), só se encaixam no amor de uma mãe pra um filho. O resto… acaba, passa, morre. E acredite, deixa de fazer falta porque seu coração está preenchido de um amor verdadeiramente verdadeiro!

Aprendi que ser mãe e pai não é só dar amor. Assumir esse papel é cuidar, ensinar, criar, educar. Ser e estar presente. Numa tarefa diária de dedicação. É ser responsável por uma vida em formação, que aprende muito com os bons exemplos.

Minha filha foi desejada. A gravidez planejada. O resto não. Aconteceu. Acabou e já passou. Aprendi que nem tudo o que planejamos sai como o esperado. Mas o que será da nossa vida se não tivermos sonhos, metas, objetivos e planos? Não desisti de fazê-los.

Continuarei trabalhando e batalhando pra viver tudo o que eu puder e sonhar com a minha filha. Mas fiquei mais compreensiva. Se sair como eu planejei, ótimo. Se não, tudo bem. Como se adaptar a algo que não saiu como o esperado? Como tirar proveito dessa mudança? Resiliência…

Sei que o dia a dia vai ser desafiador pra uma mãe de primeira viagem e divorciada. “Mãe solo” como dizem né? Quantos perrengues ainda enfrentarei com Mariana nos braços?

Leve e sem cobranças

Sigo confiante e sem cobranças. Vai ser do melhor jeito que eu conseguir fazer. Por aqui, já tenho o reconhecimento de que esse trabalho chamado maternidade e o cargo de mãe estão aprovados.

O sorriso de todas as manhãs, em todos os momentos… A mãozinha inquieta que parece me fazer carinho… O olhar penetrante, que me transmite a certeza de que estamos indo muito bem. Até aqui, tudo deu certo.

Mariana é meu primeiro pensamento do dia quando acordo e o último quando eu e ela vamos dormir. É ela que está em minhas orações.

Eu faria tudo de novo, exatamente tudo igual, sabendo que teria esse mesmo resultado. Depois que conheci esse amor, não existe “antes”. Não existe vida sem ela. Minha filha, meu primeiro, único, verdadeiro e exclusivo amor.

 

Fernanda Monteiro e Mariana. Um relato emocionante de uma mãe solo sobre força, fé e amor.

* Fernanda é jornalista e mãe da Mariana.

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Crédito da foto em destaque: Pixabay

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