Mãe de primeira viagem conta como é estar grávida em meio à Covid-19
Descobri a minha gravidez no dia 17 de março de 2020. Um dia depois, entramos em isolamento no Estado de São Paulo, por conta da pandemia da Covid-19. Desde então, minha gestação tem sido bem diferente do que eu imaginava… pela distância das pessoas que amo, pelas mudanças e pelas notícias, que são disparadas a cada minuto.
Estou em home office, trabalhando de casa desde o início da Quarentena. Atuo na área de Tecnologia da Informação (TI), como desenvolvedora. Luto pelo empoderamento feminino, especialmente em ambientes tão masculinos, como esse onde estou inserida.
Ao mesmo tempo, também tenho dado continuidade ao meu projeto Lista das Minas, que ajuda mulheres que desejam começar na área de Programação e querem saber sobre comunidades, meetups e eventos em TI, além de terem acesso a networking e redes de apoio (Veja mais sobre os projetos da Mel ao final do depoimento).
Grávida na pandemia
Estou muito feliz com a gravidez e aproveitando todos os momentos, mas a distância provocada por essa pandemia é algo que me incomoda bastante.
Minha mãe mora no Litoral e minha sogra, em São Paulo. Gostaria de ter meus familiares e amigos por perto e de compartilhar vários momentos com eles, como a abertura do resultado da sexagem na oitava semana.
Fora isso, as notícias sobre a pandemia me assustam um pouco.
Hoje, vivo tudo que uma gestante em tempos normais vive: os medos; as incertezas de como será o pós parto; se estarei empregada ou não, após minha licença; se terei forças e serei uma boa mãe e váaaarias outras dúvidas…
Apesar de disso, sigo tentando ser criativa para abstrair cada minuto da minha gestação, mesmo com o isolamento e com o sentimento de saudade dos parentes e amigos.
É menino!
Tenho uma luta pessoal muito ligada aos movimentos de empoderamento feminino. Sou profissional de TI – um ambiente majoritariamente masculino – e desenvolvo alguns projetos voltados justamente à inserção da mulher nesse meio e em todos os outros espaços onde ela quiser.
Por isso, sempre achei que seria mãe de menina e me preparei para isso. Tudo o que li sobre filhos era voltado e remetia ao processo de se criar uma mulher na sociedade em que vivemos.
Quando descobri que ia ser mãe de um menino, foi um “baque” e é algo que ainda estou construindo. Procuro e converso com outras mães para encontrar formas de educar o meu Augusto, para que seja um bom rapaz, que respeite as mulheres e contribua com o mundo ao seu redor.
É verdade que a educação e a maternidade ainda são para mim como caixas misteriosas. Muitas coisas vou ter de vivenciar na prática para saber como lidar.
Porém, quero ensinar para meu filho que homem pode sim chorar; que homem não manda na casa e que, nem sempre, a mulher é a dona do lar. Para isso, acredito muito no exemplo.
Meu marido e eu somos companheiros. Andamos juntos, lado a lado e com muito respeito. Queremos que o Augusto sinta isso e aprenda o valor de tudo isso também.
Esperança de dias melhores
Tenho em mim que criança é um ato de esperança, de dias melhores e de alegrias. Apesar das dificuldades e das notícias ruins que nos assombram, temos que nos apegar as coisas boas e positivas, aos ciclos novos iniciados e a esse ser que está a caminho.
Às mamães que também estão vivendo a gestação nessa época de Covid-19, digo: “acreditem”. Apesar dessa loucura aqui fora, dentro do nosso ventre está uma doce esperança por dias melhores. Que esses duros períodos de isolamento, ajudem o mundo a ficar melhor, para nós e para nossos filhos.
* Melanie Miranda, mais conhecida como Mel, é Desenvolvedora de Software e está grávida de sete meses do Augusto. Ama Meetups, hackathons e eventos de tecnologia, ajuda na organização de algumas comunidades e é idealizadora do site Lista das Minas, que reúne as comunidades, iniciativas e bootcamps voltados para o público feminino. É apaixonada por Star Wars, Gatos, Café e Chocolate.
Uma mulher na área de Tecnologia
Mel estudou Análise e Desenvolvimento de Sistemas na graduação. Na formatura, eram 50 alunos, sendo que apenas três deles eram mulheres. A trajetória dela na área de Tecnologia da Informação começou em 2013, na área de Suporte e Infraestrutura, tendo atuado nessa área por cinco anos.
“Ao longo do tempo, virei minha chave na carreira e procurei meios para entrar em Desenvolvimento. Encontrei comunidades na área de TI exclusivas para mulheres e descobri o Bootcamp (na tradução literal “campo de treinamento”, que são treinamentos intensivos para times das mais diversas categorias competitivas) da Reprograma. É um curso imersivo voltado para mulheres, que se formam desenvolvedoras e ajudam outras mulheres a se inserirem no mercado de trabalho”, contou.
Desde o final de 2018, ela atua como Desenvolvedora Front End e ajuda outras mulheres a iniciarem na área, assim como teve esse apoio no início da sua transição.
Minha missão é ajudar outras mulheres
Lista das Minas foi criado para facilitar o acesso de mulheres em comunidades da área de Desenvolvimento. O site centraliza todas as informações e links sobre esses grupos. “Sempre faço palestras de Soft Skills (habilidades comportamentais desejáveis nas empresas, subjetivas e difíceis de avaliar) e falo sobre a importância de nos ajudarmos mutuamente no mercado de trabalho, especialmente nas áreas técnicas”, acrescentou.
Segundo ela, as comunidades criam um ambiente propício para tirar dúvidas e compartilhar conhecimento: “No caso das comunidades femininas, isso tem um papel ainda mais importante, porque tem a ver com empoderamento, em fortalecer-se e em reduzir a desigualdade de gênero no setor de tecnologia“.
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