Quando o bebê está na barriga, ligamos uma música ou sussurramos para acalmá-lo. Quando nasce, cantamos para niná-lo ou para entretê-lo. Depois, ele próprio vai criando intimidade com o som que lhe faz bem. Pode ser de um personagem da TV ou de uma música que ele herdou de nós. Mais tarde, pode se apaixonar por algum instrumento ou, simplesmente, criar seu som, balançando o chocalho, batendo no tambor ou nas tampas da panela.
A verdade é que a música nasce com a gente [mesmo quando desafinamos…] e seus benefícios vão muito além de acalmar, distrair, brincar ou fazer dormir.
Dizem os especialistas, que a música contribui com o desenvolvimento psicomotor, psicopedagógico e psicosocial das crianças. E isso também não tem ligação só com frequentar aulas de canto ou tocar algum instrumento.
Segundo a musicoterapeuta Aline Akemi Maziero Shibuya, “a música estimula o potencial criativo, musical e a ampliação da capacidade comunicativa, mobilizando aspectos biológicos, psicológicos e culturais da criança; desenvolve a comunicação, a relação social, a expressão e a organização, além de restaurar e melhorar a saúde integral, de maneira física e mental”.
Akemi explica ainda que a música na Primeira Infância traz benefícios na aquisição da linguagem, construindo e ampliando o repertório de palavras, por meio daquelas cantadas em canções e cantigas, e do significado das palavras em cada contexto.
Além disso, de acordo com a musicoterapeuta, com a música, há: a expansão dos movimentos com o manuseio dos instrumentos musicais; o aguçar da escuta com a audição de timbres diferentes de instrumentos e vozes; a ampliação do repertório musical com o contato com outros ritmos musicais; e facilita também a expressão de sentimentos e até mesmo a sua compreensão.
O arteterapeuta João Lucio de Moraes acrescenta que pesquisas recentes nas áreas da Educação, Psicologia, Neurociências, Educação Musical e Musicoterapia apontam que a música contribui para o desenvolvimento global da criança. “Em suas práticas, há uma contribuição para o desenvolvimento da sociabilidade, da afetividade, do pensamento lógico, da coordenação motora, entre outros”.
De acordo com ele, a musicalização – ferramenta da arte e da musicoterapia – é uma proposta pedagógica introdutória à linguagem musical. Ou seja, não está focada no aprendizado de um instrumento, mas sim no desenvolvimento musical e espontâneo de cada um.
A cura
Muitos males, inclusive, podem ser evitados ou curados por meio da música.
“A música acessa diretamente a afetividade por meio das áreas límbicas do cérebro, responsáveis pelos impulsos, emoções e motivação; estimula a memória não verbal; tem acesso direto ao sistema de percepções integradas que unificam as várias sensações, incluindo a gustatória, a olfatória, a visual e a proprioceptiva (capacidade em reconhecer a localização espacial do corpo, sua posição e orientação). Tudo isso, em um conjunto de percepções que permitem integrar várias impressões sensoriais em um mesmo instante, características importantes para a criança no seu desenvolvimento cognitivo, sensorial, emocional”, completa Akemi.
Para João Lucio, por ser uma forma de comunicação não verbal, a música pode ser utilizada terapeuticamente para facilitar a abertura de canais de comunicação, estabelecendo vínculos afetivos: “Em questões relacionadas ao ensino-aprendizagem, por seu caráter lógico ligado ao controle do tempo, a rítmica musical pode ser um elemento auxiliar no desenvolvimento da leitura em casos de dislexia, para citarmos apenas um exemplo”.
O papel dos pais
Na opinião da musicoterapeuta Akemi, os pais têm o papel principal e fundamental para o estímulo musical das crianças, especialmente, estão mais ligados às crianças. Nesse ponto, a música atua como reforço afetivo, intensificando toda a potencialidade musical: “Atendi casos de crianças que se transformaram musicalmente, após a participação e o interesse dos pais pelo processo terapêutico”.
Segundo ela, crianças que têm contato com a música, em geral, contam com raciocínio mais rápido, são mais atentas e concentradas. Há casos de bebês, que tiveram contato com a musicoterapia ainda na barriga da mãe, nascerem com uma inteligência e uma percepção musical muito aguçada, o que demonstra que a música pode influenciar os indivíduos desde o ventre materno.
Mais informações:
O que é musicoterapia? “A Musicoterapia é uma terapia auto expressiva em que seu objetivo é terapêutico, pois visa ajudar, atender, estimular um indivíduo. Utiliza a música, os sons, o silêncio e os elementos musicais (melodia, ritmo, harmonia) como principal ferramenta de trabalho na promoção da criança e/ou do adulto em experiências musicais, sendo utilizada terapeuticamente por um musicoterapeuta qualificado. A Musicoterapia atua atua com a expressão da criança dentro do setting (espaço, ambiente) Musicoterapêutico podendo ser em duas vertentes: a Receptiva e a Interativa ambas com experiências musicais em que a criança se relacionará com os elementos e recursos do setting. O setting Musicoterapêutico é importante no processo, pois este é o ambiente em que a criança vai estabelecer suas relações com seus elementos sonoros e o terapeuta. Ressaltando que a Musicoterapia não tem o objetivo de “ensinar música”, ou seja não é necessário ter conhecimento musical ou tocar um instrumento musical.” (Fonte: Aline Akemi, musicoterapeuta)
O que é a arteterapia? “A Arterapia atua utilizando programas, métodos e técnicas específicas, além de realizar pesquisas científicas com publicações em revistas e congressos. Sua matéria-prima é a criatividade e a expressão. O uso de materiais presentes de diferentes linguagens artísticas como a pintura, o desenho, o teatro, a dança e a música possibilitam um trabalho terapêutico. Cada arte terapeuta prepara seu setting com a linguagem de sua especialidade. No meu caso, utilizo a música e a educação musical em uma abordagem interdisciplinar em meus atendimentos.” (Fonte: João Lúcio, arteterapeuta)
Entrevistados:
Aline Akemi Maziero Shibuya é Musicoterapeuta (Graduação). Atua desde 2013 na área acadêmica e, desde 2015, na área profissional. Experiência e formação musical desde 2002, atuando em banda, orquestra e coral. Atualmente, atua na Clínica Sinapses e faz atendimentos domiciliares. Participa de projetos de ampliação de atendimentos de Musicoterapia com portadores do Espectro Autismo e crianças. E também participa da criação de grupos com objetivo de autoconhecimento, bem estar e qualidade de vida.
João Lucio de Moraes é professor pesquisador de música e arteterapeuta. Mestrando em música pela Unesp, Especialista em Educação Musical pela Unicsul e em Arteterapia pela Unesp (Universidade Estadual de São Paulo). Bacharel em Comunicação pela Universidade de Mogi das Cruzes. Trabalha na APAE de Mogi das Cruzes e em atendimentos particulares. Possui artigos publicados no Brasil e Argentina.
Foto principal: by thedanw from Pixabay
Um projeto musical inovador, focado no desenvolvimento das crianças na Primeira Infância, começa a ganhar forma.
O Projeto Musical Torkynho, idealizado pela Torky Luthieria, com apoio do blog Direto do Nosso Jardim, tem como objetivo incluir a música de forma mais efetiva nas atividades diárias das crianças, estimulando o desenvolvimento cognitivo, trazendo de volta o aprendizado musical, auxiliando na aprendizagem, na comunicação e na linguagem.
Para dar continuidade ao projeto, os idealizadores estão buscando parcerias.
A ideia é que as empresas parceiras tenham suas marcas associadas ao projeto e a todos os materiais de divulgação produzidos.
Você, como pessoa física, também pode conhecer mais sobre o projeto e aderir a um financiamento coletivo, obtendo descontos e vantagens, assim que o projeto entrar em operação.
O link para ajudar no financiamento é: https://www.catarse.me/projeto_musical_torkynho_0cf9?ref=project_link
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